Daniel Brandão na Quanta

agosto 22, 2018


DanielNaQuanta

Segunda – 16 de julho

Hoje conheci a nova Quanta. Bem diferente da primeira vez que vim em dois mil e pouco. A arquitetura impressiona. Tudo muito bonito, organizado, compacto. Uma aula de design de interiores. A recepção também foi muito cordial e objetiva. Cheguei cedo, com mais de meia hora de antecedência. Não queria atrasar para a minha primeira aula. Estava ansioso.

O meu primeiro curso foi o de Histórias em Quadrinhos, com Leo Romero. O conteúdo incluiu apresentações gerais, depois foram passados conceitos como quadro, requadro, tira, calha, página, balão, onomatopeia etc. Em seguida, o professor passou um roteiro simples e pediu para os alunos fazerem um layout de página. Após um tempo, avaliou os layouts e pediu para todos ampliarem e definirem. Na última meia hora de aula o assunto foi sentido de leitura: conceitos básicos e diversos exemplos. Acabei a aula bem contente.

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Depois de descansar um pouco à tarde no hotel, resolvi pegar um táxi até a Quanta e explorar as redondezas em busca de um café. Encontrei um bem bacana. Tomei café com tapioca e ovos… deu uma saudade de casa que me arrancou um sorriso.  Após o lanche fiquei lendo quadrinhos na Quanta esperando o tempo da aula da noite chegar. Neste intervalo encontrei a Ana Luiza Koehler e a Cris Peter, duas grandes artistas.

Logo o Octavio Cariello cruzou o caminho e me reconheceu. Foi muito bom reencontrar um artista que tanto admiro. Também fiquei feliz por encontrar um ex-aluno e um conterrâneo que me conhecia apesar de nunca ter estudado no estúdio – ainda me surpreendo com a repercussão do nosso trabalho, apesar de ser sempre gratificante.

O curso do Cariello tem o nome de Desenho Expressivo, mas poderia ser uma aula de antropologia ou filosofia ou psicologia. O conhecimento dele é impressionante. Ele segurou 3 horas de aula só no discurso praticamente sem roteiro. Ele é performático e carismático. Quando decidi fazer qualquer curso com ele como professor, não errei. Tivemos as apresentações de praxe, depois fomos inundados com baladas de informações sobre o comportamento humano, relações sociais, os sinais do corpo, psicologia behaviorista e muito mais.

No terço final da aula ele pediu que desenhássemos duas pessoas que se interessavam uma pela outra. Qualquer tipo de interesse. Analisou os rascunhos e emendou um discurso emocionante sobre a arte e a necessidade humana de contar histórias. Segundo ele, Friedrich Nietzsche disse que todos nós estamos fadados à loucura. A única coisa que pode nos salvar é a arte. Ele também falou que narramos histórias para não deixarmos de existir. Para não morrermos. Foi emocionante.

Para casa, ele pediu que observássemos relações humanas. Grupos de pessoas. Como se portam e comportam e o que isso significa.

Voltei para o hotel com fome, mas feliz.

Terça – 17 de julho

Hoje foi o segundo dia de aula de HQ com Leo Romero. Cheguei cedo na Quanta e fui fazer o exercício que o Cariello passou: observar pessoas e suas relações. Senti que todos estavam fechados em seus mundinhos e resolvi retratar isso em dois desenhos de observação.

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A hora da aula chegou. Leo é um grande artista, gente boa e bem tímido. A estrutura da aula dele é bem simples: ele apresenta a teoria no primeiro terço ou quarto da aula, depois passa um exercício de classe. Analisa os resultados e na última meia hora ilustra o assunto mostrando slides de páginas ou revistas em quadrinhos físicas.

O assunto de hoje foi ritmo. Ele falou de tamanho de quadro, compressão e descompressão da narrativa, ausência de sarjeta, páginas gradeadas, quadros dominantes etc. O exercício de sala foi criar uma ação e representá-la em um quadro, depois três quadros e por fim seis quadros.

Na parte final da aula ele focou em analisar as páginas do Darwyn Cooke, dele mesmo e, principalmente, do Frank Miller em Batman: O Cavaleiro das Trevas.

À tarde, depois da aula e do almoço, conversei com meu amigo Cassius Medauar, editor da JBC, e marquei uma visita às 14:30. Cheguei no horário e fui muito bem recebido. A editora é muito legal. Várias portas adesivadas, setores próximos, mas muito bem definidos e organizados. Muito bacana ter acesso aos bastidores e ver tudo acontecendo. Tomei um café com o Cassius e o Edi Carlos. Tirei a foto de lei e saí para deixar o pessoal trabalhar. Voltei para a Quanta. Fica a duas estações de metrô de distância. Muito rápido.

Na Quanta encontrei o Weberson Santiago, um grande amigo da época que eu fazia o Manicomics. Adoro o Weberson e o trabalho dele. Ele está dando aula de Ilustração Infantil na própria Quanta. Foi uma alegria encontrá-lo.

Hoje comi no mesmo Café Domenica que conheci ontem. Fui com a Ju Rabelo – professora do Estúdio que também estava de passagem pela Quanta. Esse é o momento que a gente se encontra no dia.

À noite, tive a segunda aula do Cariello: começou com ele pedindo para que todos escrevessem uma narrativa baseada no que conseguimos observar em relação às pessoas e seus comportamentos e posturas corporais. Depois, Cariello pediu para que cada aluno contasse a sua história e ele tentou sempre relacionar com figuras simples e/ou geométricas, numa tentativa de simplificar e simbolizar a situação. Um processo parecido com a criação de logomarcas.

A partir daí ele começou a discursar sobre a simplificação do desenho, eixos do corpo, equilíbrio, construção simplificada do corpo, movimento e expressão corporal. Numa proposta que me pegou de surpresa, mas que me fez refletir um bocado: sem planejamentos prévios, levado muito pela intuição e procurando se livrar das amarras dos métodos. Pediu para que todos desenhassem em sala uma figura humana com figuras geométricas simples. Para casa, pediu várias poses e expressões corporais.

Na parte final da aula, ele resolveu tratar da cabeça humana e foi na contramão do Andrew Loomis. Ao invés de buscar uma estrutura ideal, ele focou nas diferenças e peculiaridades de cada pessoa. Então, ele falou muito da forma da cabeça, olhos, sobrancelha, nariz… Mas sem estruturas, sem medidas… Tudo muito solto e orgânico. Terminou a aula mostrando um trabalho dele em andamento. Lindíssimo. Ele é um grande artista.

Me vejo como uma pessoa apegada a certos recursos tecnológicos e minha rotina no Estúdio me permite ver outros ainda mais ligados à interconectividade, mas em São Paulo me senti em um filme de ficção científica: a proximidade com a internet é tão constante que aquele senso de “estar conectado” nunca some. Cada “janela” de tempo ou tarefa que surge, por menor que seja, é um motivo para recorrer à web. Isso me fez pensar um pouco mais na minha relação com a web e como isso impacta minha percepção como artista – e me fez perceber a importância de um curso como o do Cariello que nos leva a ampliar nossa visão sobre o desenho enquanto caminhamos entre todos os conhecimentos e coisas profundas que ele fala em aula.

Foi realmente um dia longo.

Quarta – 18 de julho

Cheguei na Quanta pouco antes de 8:30 como de praxe. A minha ideia era aproveitar a meia hora que faltava para a aula do Leo Romero para adiantar a tarefa que o Cariello passou. Não consegui, pois, pela primeira vez, algumas pessoas puxaram assunto. Acho que depois de 3 dias o gelo está começando a ser quebrado.

Na aula de HQ, o assunto foi Tipos de Enquadramento. O Leo Romero pediu um tempo para fazer desenhos na lousa para explicar a matéria. Pediu para que não copiássemos, mas permitiu que fotografássemos. Apresentou os principais planos de enquadramento: Plano Geral, Plano Aberto, Plano Americano, Plano Médio, Plano Fechado… depois pediu para que criássemos uma cena e a fizesse com todos os enquadramentos apresentados. Daí entendi o seu pedido para que os alunos não copiassem os seus desenhos. Afinal, essa era justamente a tarefa de classe. Todos fizeram e ele avaliou. Rapidamente o tempo chegou à 11:20. Foi quando a terceira e última parte da aula começou. Leo apresentou as variações de câmera plongé e contra-plongé e mostrou trechos de filmes e séries como exemplo.

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O professor nitidamente tem fortíssima influência pelo cinema: uma adição bacana ao meu repertório, já que sou muito ligado às características mais “raiz” dos quadrinhos. É sempre bom adicionar outros repertórios aos nossos.

Depois da aula, almocei no local de sempre, perto da escola. Mas, pela primeira vez fui chamado para sentar na mesa com um grupo de pessoas. Todos alunos. Nenhum paulista. Um cearense, uma mineira e uma carioca. Duas, dessas três pessoas fazem o curso do Cariello comigo.

Depois voltei para o hotel. Descansei um pouco e fiz a tarefa de Desenho Expressivo: esboçar várias poses e movimentos aleatórios, exaltando a expressão corporal.
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Como nos dois primeiros dias, eu lanchei às 17hs no Café Domenica com a Ju Rabelo. Desta vez, acatei a sugestão dela de pedir um sanduíche extra para viagem, pensando no jantar.

Hoje tive a melhor aula do Cariello e a melhor aula da semana até aqui. Demorei pra processar todas as informações. O Cariello foi genial do início ao fim. Começou avaliando a tarefa dos desenhos de expressão corporal, depois resolveu fazer uma demonstração do processo dele. Sempre do geral para o detalhe. Começando com linhas bem simples e soltas. Depois camadas após camadas de hachuras e guirlandas… o desenho se formava lindamente. Encantador de ver.

Baseado na obra da Betty Edwards, Cariello propôs 3 exercícios em classe. No primeiro, ele entregou uma folha com várias fotos. Pediu pra gente olhar, analisar e pensar em formas simples para representar o que estávamos vendo. Depois, ele pediu para virarmos as fotos de cabeça para baixo, escolher uma e desenhar o que víamos. Do geral para o detalhe.

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No segundo exercício, ele nos entregou um papel A4 e pediu para que colocássemos o lápis no meio da folha. Pediu que fechássemos os olhos e tateássemos o papel para nós familiarizarmos com o espaço. Ainda de olhos fechados, devíamos pensar em um lugar de afeto e desenhar uma coisa desse lugar que nos representasse bem. Tudo de olhos fechados. Depois ele recolheu todos os desenhos e pediu para que todos interpretássemos o que a gente via das garatujas de todos.

Desenhei o meu canto no meu quarto. Com o meu travesseiro triangular, meus livros e revistas e o abajur. Todos entenderam o desenho corretamente. Fiquei muito feliz. Neste exercício, Cariello falou muito do poder de síntese do desenho, do poder comunicacional da arte.

O último exercício foi para desenharmos figuras sem tirar o lápis do papel e sem passar uma linha sobre a outra.

Na parte final da aula, Cariello explicou o que é hachura, hachura topográfica, guirlanda, linhas cruzadas e texturas. Ele disse que tudo isso faz parte do conjunto dos CONTRASTES. Daí ele foi falar de valores. Ele disse que entre o preto e o branco, o ser humano é capaz de ver 256 tons. Essas variações tonais são aplicadas no RGB. Portanto, o ser humano é capaz de ver 256 elevado a 3 cores (16777216 cores). Os 256 tons de valores podem ser subdivididos em 3 grupos: chave baixa, chave média e chave alta. Pelo que entendi, são os escuros, os médios e os claros, respectivamente.

A partir daí, o desenho de auto contraste só usa o 0 e o 255 (preto e o branco). Quem usa contrastes das caixas baixas e altas, trabalha com o chiaroscuro. Quem trabalha com as caixas médias mais o 0 e o 255, faz o chamado meio tom. E para se conseguir isso, pode-se usar hachuras, texturas, guirlandas, pontilhismo, ridículas etc.

Se não bastasse tudo isso, Cariello ainda nos mostrou diversos arquivos de páginas dele com os rascunhos/layouts e as páginas acabadas e coloridas. Cada uma mais linda que a outra. Com as explicações dele então, nem se fala…

Quando a aula acabou, ganhei um lindo artbook do Cariello autografado. Fiquei muito feliz. Agora é descansar que amanhã tem mais.

Quinta – 19 de julho

Hoje recebi uma ligação Sidney Gusman enquanto eu estava no táxi à caminho da Quanta. Ele é um grande amigo. Vamos nos encontrar amanhã à tarde na escola. Haverá uma tarde de autógrafos da graphic MSP Jeremias Pele. Ótimo jeito de começar o dia.

Cheguei, como de costume, meia hora antes da aula e já fiz a tarefa que o Cariello passou: fazer desenhos sem tirar o lápis do papel e sem voltar pela mesma linha. Optei por usar apenas caneta para isso.

Na aula de quadrinhos o assunto foi composição. Demos certo foco à composição de imagens. Assim como em todas as aulas anteriores, o Leo Romero dividiu a manhã em três momentos: Apresentou o conteúdo desenhando 13 tipos de composição ou regrinhas que funcionam. Depois, pediu para que todos desenhassem as imagens. Procurei não copiar o que ele deixou desenhado na lousa – já pegando um gancho da outra aula dele. Fiz as minhas versões e ele gostou muito. No final da aula, Leo falou rapidamente da lei dos 180 graus e passou dois trechinhos de filmes.

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Almocei no restaurante de sempre e dividi mesa com as mesmas pessoas de ontem.

Descansado voltei à escola no fim da tarde, encontrei a Ju Rabelo e lanchamos como todos os dias.

O dia terminou com a quarta aula do Octavio Cariello. Ele verificou os exercícios dos alunos e começou a citar uma lista de artistas bons para conhecer e ter como referências. Falou da importância da harmonia estilística e estética entre personagem e cenários.

Depois, Cariello falou muito sobre as liberdades criativas para se criar personagens sem as amarras acadêmicas. Falou da estrutura geral do nariz e da boca e mostrou vários perfis étnicos.

Na parte final da aula, Cariello demonstrou como podemos “roubar” a sombra. Ele desenhou dois rostos aleatórios e escolheu fotos de pessoas bem diferentes dos desenhos dele para analisar e aplicar somente a sombra que está na foto de referência. Como exercício de sala, ele pediu para que fizéssemos o mesmo.

No final da aula, perguntei a ele sobre consistência. Então ele demonstrou a técnica que ele usa. A partir de um desenho de frente, ele sugere o desenho de eixos horizontais para desenhar o rosto de perfil ou semi-perfil. Assim como ele usa a mesma técnica para girar o corpo e desenhá-lo em outros ângulos.

Para casa, ele passou o exercício de “roubar” a sombra a partir de fotos. Só que dessa vez no corpo inteiro.

Cheguei bem ao hotel com um pequeno sanduba para viagem para enganar a fome antes de dormir. Amanhã o dia promete.

Sexta – 20 de julho

Hoje foi o último dia do curso de HQ com Leo Romero. Como chego pelo menos meia hora mais cedo, aproveitei para começar as tarefas do curso de Desenho Expressivo. Quando a aula de quadrinhos começou, eu tinha estruturado dois corpos humanos para receberem iluminação.

Nesta última aula, o Leo Romero entregou uma página de roteiro do Dr. Estranho para fazermos o exercício final. Disse que o processo dele é ler e reler o roteiro até visualizá-lo como uma cena de cinema, daí ele produz os thumbnails da página e em seguida o layout arrumadinho para mandar para o editor aprovar. E era justamente isso que deveríamos fazer com o roteiro recebido.

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Até o final da aula, consegui fazer dois thumbnails que foram avaliados pelo professor e fiz a metade do layout mais acabado da página.

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No final da aula recebemos o certificado e tiramos as fotos finais.

Depois do almoço, voltei ao hotel e trabalhei dos desenhos de luz e sombra que o Octavio Cariello passou como tarefa de casa. Terminei às 15:30, me arrumei e voltei para a escola mais cedo que o de costume por conta da sessão de autógrafos que aconteceu às 17hs na Quanta com os autores da graphic MSP Jeremias: Pele e o editor Sidney Gusman, meu amigo Sidão.

Ainda deu tempo de lanchar antes disso e fui ao evento. Lá rolou uma exposição bem bacana sobre o álbum, tirei várias fotos. Ao mesmo tempo que estava acontecendo uma ação com os representantes da Copic no Brasil. Basicamente eles estavam vendendo material a preços mais camaradas. Acabei comprando umas canetas-pincel para mim e para dar de presente a Juliana Rabelo, Blenda e Sacha. No final, meu principal objetivo foi alcançado, que foi encontrar o Sidão, presenteá-lo com uma impressão de Os Mundos de Liz, trocar uma ideia e tirar uma foto. O Sidão é sempre muito gente boa. Entreguei a ele uma impressão extra de Os Mundos de Liz e pedi que ele entregasse ao Maurício.

Às 19hs começou a última aula da semana de Desenho Expressivo com o Octávio Cariello. A aula começou com ele avaliando os exercícios dos alunos. Ele gostou dos meus e teceu bons e generosos elogios ao meu trabalho. Mas o que me deixou bem feliz e achei bem inusitado foi que um aluno da turma me pediu um autógrafo. Fiz um sketch pra ele e fiquei muito lisonjeado.

A aula do Cariello foi legal. Ele tratou de expressões faciais e formas de cabeça. Como exercício de sala, ele escreveu um texto bem pomposo e formal e pediu que criássemos um personagem com ele descrevendo suas características. Daí, deveríamos desenhar o personagem na situação do texto, só que reescrevendo o texto numa linguagem mais condizente com as características do personagem. Bem legal.

Depois, ele desenhou várias formas aleatórias na lousa. Então ele pediu para que criássemos um personagem para cada forma apresentada. Daí, escolhíamos o nosso personagem preferido e tínhamos que desenhar 4 variações das suas expressões faciais.

Na parte final, chegamos ao ponto alto da aula. O assunto foi portfólio e postura profissional. Sensacional! A experiência do Cariello é extraordinária. Aprendi muitas coisas e anotei tudo para usar na minha carreira, no Estúdio e na vida. A aula terminou com a entrega dos certificados e as devidas fotos.

Depois da aula, todos foram convidados para celebrar o encerramento dos cursos e da semana em um bar perto da escola. Falaram que essa confraternização já era uma tradição da Quanta.

Sábado – 21 de julho

Hoje foi o meu último dia na Quanta. Antes da aula, aproveitei o tempo para terminar o layout da página que o Leo Romero passou ontem. Durante todo o dia, tive uma oficina de Composição e Teoria Cromática com Davi Calil. Para minha alegria, acabou sendo uma das experiências que mais gostei. Foi bem cansativo, pois a aula começou às 10hs e só terminou às 17:45, com uma hora de intervalo para o almoço entre 13hs e 14hs.

O Davi Calil é um professor fantástico. Muito carismático, muito energético e muito bem planejado. A presença dele em sala de aula passa muita segurança e mostra toda a paixão que ele tem sobre o assunto. Ele começou a primeira parte da aula dele contextualizado a cor na história da arte, com um recorte especial entre a Renascença e o Impressionismo. Falou muito de Florença, Veneza, os neoclássicos, o surgimento da fotografia até chegar o impressionismo e o caminho no sentido da abstração da arte. Bem legal.

Depois ele falou de um alemão chamado Goethe. Um intelectual que, dentre outras coisas, criou o triângulo de Goethe que compete com os estudos de Isaac Newton sobre cores e suas combinações. Os estudos de Newton resultaram no famoso círculo cromático, mas o Calil defende que o triângulo de Goethe é mais útil e prático para ajudar na colorização de forma consciente. Ele explicou e demonstrou a pintura do triângulo. Todos ficaram de pé ao redor da mesa dele enquanto ele construía o triângulo de Goethe e suas combinações possíveis com guache. Depois, ele falou sobre color script, que é o uso das cores nas narrativas e composições com intenções comunicacionais e mostrou exemplos fantásticos de trabalhos dele nesse sentido.

Paramos para almoçar. Comi no mesmo self service de sempre, mas dessa vez tive a sorte de dividir a mesa com o professor. Calil é gente boa demais e trocar uma ideia fora da sala de aula foi importantíssimo para estreitar laços.

Na volta à sala de aula, todos os alunos tiveram que construir o triângulo de Goethe nos seus cadernos. Também usei guache. Tive dificuldades, como sempre, quando pinto, mas acho que consegui um resultado razoável. Quando todos terminaram, aproximadamente às 15:30, ficamos de pé novamente e o professor fez uma demonstração completa de pintura. Foi fantástico. Ele usou uma referência fotográfica em preto e branco para se basear na luz. Fez um desenho estilizado usando pincel mesmo, nada de lápis nem borracha. Ele pediu para que a turma escolhesse um padrão de combinação do triângulo de Goethe e deu um show. Ficou lindo. Tirei várias fotos.

No final, recebemos o certificado e tirei uma foto com o Calil.

Assim terminou a minha aventura na Quanta. Foi muito enriquecedor voltar a ser aluno. Aprendi muito e saio daqui transformado, agradecido e feliz.

Publicado por Daniel Brandão

O Estúdio Daniel Brandão produz quadrinhos, ilustrações, criações de personagens e mascotes. Aqui também são oferecidos cursos de Desenho, HQ, Desenho Avançado e Mangá, além de aulas particulares.

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