Entrevista com MARCUS ROSADO

janeiro 06, 2012


Quando Marcus falou de si mesmo em uma rede social, ele disse: “apenas não queira adivinhar o que estou pensando! Nunca”. Justamente para não ter que adivinhar, resolvi perguntar nesta primeira de uma série de entrevistas que fiz com meus colegas de Estúdio. A idéia é que vocês conheçam melhor os artistas do Estúdio Daniel Brandão – como parte das comemorações pelos 10 anos de Estúdio – e que suas experiências compartilhadas sirvam como motivação e inspiração para outras pessoas.

Marcus é quadrinista e ilustrador. Desenhou algumas histórias do roteirista Luís Carlos, dentre elas a Foco, lançada no último Festival Internacional de Quadrinhos, em Belo Horizonte. Ele também é lapista da tira do Pinote, criação do catarinense Henri Schutze. Conheça mais do trabalho e das idéias deste trabalhador dos quadrinhos.

Daniel Brandão – O que o levou a escolher o caminho da carreira artística? Houve algum obstáculo para isso?

Marcus Rosado – Pra ser sincero, faz tanto tempo que tomei essa decisão que não me recordo mais o motivo. Acho que foi uma série de motivos, mas se fosse destacar um entre os mais importantes eu diria que o desenho/quadrinho é a única coisa que me vejo fazendo no futuro. Sou realmente muito apaixonado pelo que faço. Quanto à obstáculos, sempre existiram, até por que não se ter o apoio da família como obstáculo é algo difícil de ser superado. Confesso que são os obstáculos que me motivam a seguir em frente. Eu acredito que posso viver disso e correrei atrás para viver disso.

DB – Qual é a sua formação artística?

MR – Fiz curso de desenho e quadrinhos no Estúdio Daniel Brandão 

DB – O desenho e as histórias em quadrinhos são áreas muito amplas. O que você mais gosta de fazer dentro dessas áreas gráficas? Você tem alguma especialidade? Tem algo que nunca experimentou que gostaria de tentar?

MR – Adoro fazer histórias em quadrinhos, gosto muito de desenhar histórias de super-heróis. Acho que essa é minha especialidade. Ultimamente eu tenho acompanhado uns cartoons eróticos desenhados por artistas como o Dany e Gurcan, Era algo que eu queria experimentar e hoje estou fazendo e adorando, mas se eu fosse citar mais uma outra coisa, eu diria que tenho vontade de me dedicar a um projeto bem longo, tipo uma graphic novel… mas vou deixar isso para mais tarde.

DB – O que a sua arte significa na sua vida?

MR – Muita coisa, não saberia por onde começar. Me faz lembrar uma frase do Shakespeare: "pobre é o amor que pode ser descrito"  

DB – Quais são as suas influências? Não só dentro dos quadrinhos.

MR – Minhas influências estão por todos os cantos. Está na música (Johnny Cash, John Lee Hooker, Hollin' Wolf, Chuck Berry), na literatura (Bernard Cornwell, Asimov, as ironias do Machado de Assis, Mario Puzzo…) e principalmente nos quadrinhos, dos quais gosto de citar primeiro as pessoas que estão perto de mim: Daniel Brandão, Allan Goldman (quando esse cara senta pra desenhar é algo extraordinário), Mario Enderson. E outros como Cory Walker, Ryan Otley (esses dois primeiros, sempre que folheio uma edição desenhada por um dos dois, tenho vontade de desenhar tb… e de roubar o emprego deles), Will Eisner, os gêmeos Bá e Moon, Rafael Grampá, Ivan Reis, Brian Hicth, Alan Davis, Gurcan Gursel, Daniel Henrotin (assina como Dany), John Romita Jr, Milo Manara e escritores de quadrinhos: Garth Ennis, Robert Kirkman, Mark Millar. Acho que poderia passar um dia inteiro citando referencias  

DB – Por que histórias em quadrinhos?

MR – O negócio é a combinação de tudo: a forma de contar histórias, o desafio de interpretar a descrição de um requadro. O simples fato de ficar encarando uma página assim que você a termina. Acho tudo um processo muito intenso e de grande envolvimento pessoal.  

DB – Você lê quadrinhos? Quais? Por quê?

MR – Adoro ler quadrinhos, todo dia leio alguma coisa do gênero e alguns dias me pego relendo obras pela enésima vez. Adoro ler qualquer gênero. Ultimamente tenho lido Valente e Duo Tone do Vitor Caffagi (espetacular por sinal) e Invencível do Robert Kirkman.   

DB – Liste 10 obras fundamentais para você. Vale livros, quadrinhos, séries, peças, quadros e/ou filmes.

MR – Obras fundamentais… pra mim essa é difícil, pois sempre aparece algo que surpreende. Mas vamos lá fazer uma tentativa

01) Preacher

02) Os Supremos

03) Avenida Dropsie – A Vizinhança

04)  Gotham City contra o crime

05) Batman Ano Um

06) A Queda de Murdock

Vamos citar uns livros

07) A série Cronicas do Rei Arthur (Bernard Cornwell) 

08) O Poderoso Chefão

Filmes

09) Pulp Fictition

10) Clube da Luta

Acho que ainda poderia por bem mais coisas aqui… e mais dificil ainda é colocar numa ordem de importância pois não há ordem de importância.

DB – Como você entrou no Estúdio Daniel Brandão?

MR – Bom, nos cursos, eu entrei por indicação do meu amigo Luis Carlos (Luís C.S.). Como membro da equipe, acho que tudo começou quando o Mário me convidava pra gente passar a tarde conversando no estúdio, daí eu comecei a mostrar meus trabalhos pro Daniel e ele acabou me convidando a fazer parte da equipe do estúdio. Acho que o Daniel se arrependeu um pouco disso, já que eu fico um pouco eufórico quando desenho… 

DB – Como você enxerga o mercado hoje? É possível viver da sua arte? Do seu trabalho?

MR – Vejo coisas boas para o mercado hoje. Estive num evento em BH que mudou minha visão quanto ao mercado nacional, estamos andando a passos largos e acho possível sim que no Brasil, um dia, seja possível se viver de quadrinhos. Porém, na atualidade, ainda é um pouco difícil se viver de desenho (a não ser o mercado de animação, que paga muito bem). Quanto ao meu trabalho, sempre tive o sonho de desenhar para o mercado estrangeiro (ultimamente não me importo se é europeu ou americano). Sei que o mercado é difícil e competitivo, fui avisado disso a minha vida toda. Espero um dia ser agenciado.

DB – O que você aconselharia para aquelas pessoas que querem entrar no mercado? Existe algum caminho a ser trilhado? Qual?

MR – Pra quem quer entrar, parece clichê, mas é a mais pura verdade: Desenhe muito, deixe que as pessoas conheçam seu trabalho, escute críticas, saiba diferenciar uma crítica construtiva de uma crítica destrutiva (essa, nem vale a pena ouvir). Quanto a caminho a ser trilhado, talvez exista um… li numa matéria com o Klebs Junior e o Ivan Reis em que em algum ponto eles mencionam: desenhe qualquer coisa, entre num estúdio, faça testes… tenho seguido esses conselhos desde então… por enquanto tá dando certo. 

DB – Em que você está trabalhando no momento? Qual será o seu próximo projeto?

 

MR – Ultimamente tenho feito tiras/paginas de cartuns no estilo Dany/Gurcan. É relaxante desenhar cartuns, mas uma hora ou outra volto a fazer testes para agências (gosto mais ainda de fazer esses testes, sério). Quanto ao próximo projeto, não sei ainda. Tenho muita coisa pra terminar antes de pensar num próximo projeto 

DB – Onde você quer chegar na sua carreira? Qual é o seu maior sonho?

MR – Quero ser reconhecido pelo meu trabalho. Quanto ao meu maior sonho, tudo começou quando eu queria ser desenhista do Hellblaser, depois eu quis ser desenhista do Quarteto Fantástico, agora eu quero desenhar pro Robert Kirkman… acho que no final das contas eu quero ser desenhista do mercado americano. 

Contatos do Marcus Rosado:

Twitter: @MarcusRosado02

http://marcusrosado.deviantart.com

marcusvsrosado@gmail.com

Publicado por Daniel Brandão

O Estúdio Daniel Brandão produz quadrinhos, ilustrações, criações de personagens e mascotes. Aqui também são oferecidos cursos de Desenho, HQ, Desenho Avançado e Mangá, além de aulas particulares.

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