Está no ar o vídeo da entrevista que concedi ao site QUADRINHOS EM QUESTÃO sobre o processo de produção das tiras da LIZ. Confiram aqui!
http://quadrinhosemquestao.blogspot.com.br/2012/05/qq-entrevista-daniel-brandao.html
Está no ar o vídeo da entrevista que concedi ao site QUADRINHOS EM QUESTÃO sobre o processo de produção das tiras da LIZ. Confiram aqui!
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Quando Marcus falou de si mesmo em uma rede social, ele disse: “apenas não queira adivinhar o que estou pensando! Nunca”. Justamente para não ter que adivinhar, resolvi perguntar nesta primeira de uma série de entrevistas que fiz com meus colegas de Estúdio. A idéia é que vocês conheçam melhor os artistas do Estúdio Daniel Brandão – como parte das comemorações pelos 10 anos de Estúdio – e que suas experiências compartilhadas sirvam como motivação e inspiração para outras pessoas.
Marcus é quadrinista e ilustrador. Desenhou algumas histórias do roteirista Luís Carlos, dentre elas a Foco, lançada no último Festival Internacional de Quadrinhos, em Belo Horizonte. Ele também é lapista da tira do Pinote, criação do catarinense Henri Schutze. Conheça mais do trabalho e das idéias deste trabalhador dos quadrinhos.
Daniel Brandão – O que o levou a escolher o caminho da carreira artística? Houve algum obstáculo para isso?
Marcus Rosado – Pra ser sincero, faz tanto tempo que tomei essa decisão que não me recordo mais o motivo. Acho que foi uma série de motivos, mas se fosse destacar um entre os mais importantes eu diria que o desenho/quadrinho é a única coisa que me vejo fazendo no futuro. Sou realmente muito apaixonado pelo que faço. Quanto à obstáculos, sempre existiram, até por que não se ter o apoio da família como obstáculo é algo difícil de ser superado. Confesso que são os obstáculos que me motivam a seguir em frente. Eu acredito que posso viver disso e correrei atrás para viver disso.
DB – Qual é a sua formação artística?
MR – Fiz curso de desenho e quadrinhos no Estúdio Daniel Brandão
DB – O desenho e as histórias em quadrinhos são áreas muito amplas. O que você mais gosta de fazer dentro dessas áreas gráficas? Você tem alguma especialidade? Tem algo que nunca experimentou que gostaria de tentar?
MR – Adoro fazer histórias em quadrinhos, gosto muito de desenhar histórias de super-heróis. Acho que essa é minha especialidade. Ultimamente eu tenho acompanhado uns cartoons eróticos desenhados por artistas como o Dany e Gurcan, Era algo que eu queria experimentar e hoje estou fazendo e adorando, mas se eu fosse citar mais uma outra coisa, eu diria que tenho vontade de me dedicar a um projeto bem longo, tipo uma graphic novel… mas vou deixar isso para mais tarde.
DB – O que a sua arte significa na sua vida?
MR – Muita coisa, não saberia por onde começar. Me faz lembrar uma frase do Shakespeare: "pobre é o amor que pode ser descrito"
DB – Quais são as suas influências? Não só dentro dos quadrinhos.
MR – Minhas influências estão por todos os cantos. Está na música (Johnny Cash, John Lee Hooker, Hollin' Wolf, Chuck Berry), na literatura (Bernard Cornwell, Asimov, as ironias do Machado de Assis, Mario Puzzo…) e principalmente nos quadrinhos, dos quais gosto de citar primeiro as pessoas que estão perto de mim: Daniel Brandão, Allan Goldman (quando esse cara senta pra desenhar é algo extraordinário), Mario Enderson. E outros como Cory Walker, Ryan Otley (esses dois primeiros, sempre que folheio uma edição desenhada por um dos dois, tenho vontade de desenhar tb… e de roubar o emprego deles), Will Eisner, os gêmeos Bá e Moon, Rafael Grampá, Ivan Reis, Brian Hicth, Alan Davis, Gurcan Gursel, Daniel Henrotin (assina como Dany), John Romita Jr, Milo Manara e escritores de quadrinhos: Garth Ennis, Robert Kirkman, Mark Millar. Acho que poderia passar um dia inteiro citando referencias
DB – Por que histórias em quadrinhos?
MR – O negócio é a combinação de tudo: a forma de contar histórias, o desafio de interpretar a descrição de um requadro. O simples fato de ficar encarando uma página assim que você a termina. Acho tudo um processo muito intenso e de grande envolvimento pessoal.
DB – Você lê quadrinhos? Quais? Por quê?
MR – Adoro ler quadrinhos, todo dia leio alguma coisa do gênero e alguns dias me pego relendo obras pela enésima vez. Adoro ler qualquer gênero. Ultimamente tenho lido Valente e Duo Tone do Vitor Caffagi (espetacular por sinal) e Invencível do Robert Kirkman.
DB – Liste 10 obras fundamentais para você. Vale livros, quadrinhos, séries, peças, quadros e/ou filmes.
MR – Obras fundamentais… pra mim essa é difícil, pois sempre aparece algo que surpreende. Mas vamos lá fazer uma tentativa
01) Preacher
02) Os Supremos
03) Avenida Dropsie – A Vizinhança
04) Gotham City contra o crime
05) Batman Ano Um
Vamos citar uns livros
07) A série Cronicas do Rei Arthur (Bernard Cornwell)
08) O Poderoso Chefão
Filmes
09) Pulp Fictition
10) Clube da Luta
Acho que ainda poderia por bem mais coisas aqui… e mais dificil ainda é colocar numa ordem de importância pois não há ordem de importância.
DB – Como você entrou no Estúdio Daniel Brandão?
MR – Bom, nos cursos, eu entrei por indicação do meu amigo Luis Carlos (Luís C.S.). Como membro da equipe, acho que tudo começou quando o Mário me convidava pra gente passar a tarde conversando no estúdio, daí eu comecei a mostrar meus trabalhos pro Daniel e ele acabou me convidando a fazer parte da equipe do estúdio. Acho que o Daniel se arrependeu um pouco disso, já que eu fico um pouco eufórico quando desenho…
DB – Como você enxerga o mercado hoje? É possível viver da sua arte? Do seu trabalho?
MR – Vejo coisas boas para o mercado hoje. Estive num evento em BH que mudou minha visão quanto ao mercado nacional, estamos andando a passos largos e acho possível sim que no Brasil, um dia, seja possível se viver de quadrinhos. Porém, na atualidade, ainda é um pouco difícil se viver de desenho (a não ser o mercado de animação, que paga muito bem). Quanto ao meu trabalho, sempre tive o sonho de desenhar para o mercado estrangeiro (ultimamente não me importo se é europeu ou americano). Sei que o mercado é difícil e competitivo, fui avisado disso a minha vida toda. Espero um dia ser agenciado.
DB – O que você aconselharia para aquelas pessoas que querem entrar no mercado? Existe algum caminho a ser trilhado? Qual?
MR – Pra quem quer entrar, parece clichê, mas é a mais pura verdade: Desenhe muito, deixe que as pessoas conheçam seu trabalho, escute críticas, saiba diferenciar uma crítica construtiva de uma crítica destrutiva (essa, nem vale a pena ouvir). Quanto a caminho a ser trilhado, talvez exista um… li numa matéria com o Klebs Junior e o Ivan Reis em que em algum ponto eles mencionam: desenhe qualquer coisa, entre num estúdio, faça testes… tenho seguido esses conselhos desde então… por enquanto tá dando certo.
DB – Em que você está trabalhando no momento? Qual será o seu próximo projeto?
MR – Ultimamente tenho feito tiras/paginas de cartuns no estilo Dany/Gurcan. É relaxante desenhar cartuns, mas uma hora ou outra volto a fazer testes para agências (gosto mais ainda de fazer esses testes, sério). Quanto ao próximo projeto, não sei ainda. Tenho muita coisa pra terminar antes de pensar num próximo projeto
DB – Onde você quer chegar na sua carreira? Qual é o seu maior sonho?
MR – Quero ser reconhecido pelo meu trabalho. Quanto ao meu maior sonho, tudo começou quando eu queria ser desenhista do Hellblaser, depois eu quis ser desenhista do Quarteto Fantástico, agora eu quero desenhar pro Robert Kirkman… acho que no final das contas eu quero ser desenhista do mercado americano.
Contatos do Marcus Rosado:
Twitter: @MarcusRosado02
Acabou de sair da gráfica a revista O CAPISTA SE AUSENTOU, produzida pela turma de quadrinhos de 2011.2. O título criativo já reflete o bom humor e o talento dessa turma de jovens promissores. Eles mostram todo seu ecletismo e potencial em 36 páginas de muito quadrinho autoral e algumas belas ilustrações. Tem de tudo: humor, metalinguagem, experimentalismo e aventura! Por tudo isso, estão de parabéns os autores Bruno Moreira, Daniel Mesquita, Isabel Xavier, Keven Willy, Lucas Albuquerque, Lucas Fernando e Nayana (WhiteMantis).
Lançaremos esta revista no evento do Dia do Quadrinhos Nacional, na Gibiteca de Fortaleza.
Entrevista originalmente publicada no site roteirosZ & Apneia (http://roteirozeapneia.blogspot.com/2011/10/entrevista-com-fred-macedo-um-cowboy.html)
Muito obrigado à Luís CS por ter permitido a publicação dela aqui.
Fred Macedo é um dos maiores artistas de quadrinhos surgidos em Fortaleza nos últimos anos. Suas parcerias incluem Daniel Brandão e Wilson Vieira e seus trabalhos foram publicados no Brasil e na Europa. Durante a edição deste ano do FIQ, teremos Fred Macedo como um dos quadrinistas da HQ Strano, disponível na mesa do Fórum de Quadrinhos do Ceará. Confira a entrevista que ele concedeu ao Z&A!
1. Falando de formação, Fred, em que momento você decidiu que essa era "a carreira" e como você começou nessa caminhada?
Bom, antes de mais nada, agradeço ao roteiroZ & Apneia pelo convite. Poder participar deste espaço tão bacana para os fãs das HQs em particular e das artes e cultura em geral é um prazer e muito me prestigia.
A coisa foi mais ou menos assim, até 2005 eu estava completamente afastado de toda e qualquer atividade artística, à exceção de algum eventual rascunho em folhas de guardanapo ou cantos de agenda, era o comichão artístico sempre a provocar. Durante mais de 15 anos, fiquei trabalhando como corretor de seguros. Por volta dos meus 18 ou 19 anos não vi perspectiva de ganhar dinheiro como quadrinhista ou ilustrador, então fui estudar engenharia (adoro ciências), mas também abandonei o curso pelas contingências que o trabalho como corretor de seguros foram impondo, bem como por uma certa falta de estímulo e maturidade. Era muito desalentador estudar engenharia e vender seguros. Como o seguro era quem pagava as contas, optei por ele. Foi então que em 2005, o pai do Geraldo Borges, que além de um bom amigo é também corretor de seguros, entrou em contato comigo a pedido do Geraldo (ou foi o próprio Geraldo que pediu o telefone ao pai e me ligou depois, não lembro) informando de um evento sobre quadrinhos que estaria se realizando no Centro Cultural Dragão do Mar, o Panorama 9ª Arte. Até então, eu não pensava mais, pelo menos conscientemente, em quadrinhos, mas resolvi ir para o evento. Chegando lá e após assistir várias palestras, percebi como as coisas estavam mais fáceis para quem quisesse trabalhar como desenhista de HQs, particularmente por causa da internet e a viabilidade de se encaminhar testes para agências e até editoras. Foi lá também onde conheci, através do Daniel Brandão, o pessoal que estava reativando a Oficina de HQs da UFC. Então, eu pensei, “a hora é essa”! Me juntei ao pessoal da Oficina tendo em vista aprimorar meu entendimento da linguagem dos quadrinhos. Nunca tive muitas dificuldades com desenho, mas fazer quadrinhos não é a mesma história, você tem que conhecer a gramática da arte sequencial para fazer um trabalho legal e estabelecer uma boa narrativa visual. Foi aí que passei a investir mais, comprei os livros do Eisner (Narrativas Gráficas e Quadrinhos eArte Sequencial), os do Scott McCloud, Paulo Ramos, Valdomiro Vergueiro e em 2008 fiz vestibular para o curso de Licenciatura em Artes Visuais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, que me encontro atualmente cursando. Respondendo à sua pergunta de forma mais objetiva, decidi-me a levar uma vida como artista, quadrinhista e ilustrador em 2005, durante o Panorama Nona Arte. Devo dizer que a minha esposa teve um papel fundamental nisso tudo, pois, não fosse ela, eu não teria ido para o Panorama Nona Arte nem teria me inscrito no vestibular. Ou seja: “a culpa é dela…” (risos)
2. É incrivelmente importante para um artista – independente de ele ser de quadrinhos ou não – fazer com que seu trabalho possa ter alguma identidade, um aspecto que, de longe, nos faz perceber de quem é determinada obra. Sua arte é bastante detalhada e possui um aspecto bem único com uma "face" inconfundível e uma beleza visceral e dinâmica. Como e quando foi que você deu esse caráter ao seu trabalho, foi algo pensado – você imaginou um modelo e foi se talhando a essa visão – ou surgiu naturalmente?
Olha, toda vez que me perguntam sobre identidade artística, estilo e principalmente sobre influências, eu descubro um artista novo que de alguma forma me inspirou e que eu não lembrava. A questão é a seguinte, cada artista tem um jeito próprio de fazer uma coisa. Qual o trabalho do desenhista? Achar soluções gráficas que lhe permitam representar num plano bidimensional coisas que ele vê na realidade tridimensional. O desenhista de quadrinhos vai um pouco mais além, no sentido de que ele tem que encontrar soluções gráficas não só para o desenho em si – uma árvore, textura de pedra, etc – mas como dispor tudo isso numa página de tal forma que haja uma coerência visual e um atrativo dramático estabelecidos dentro da narrativa sequencial gráfica. O que quero dizer com isso é que no decorrer da minha vida acabei por “pilhar” algumas soluções que encontrei pelo caminho. No final das contas, vários foram os artistas que de uma forma ou de outra me apresentaram soluções inteligentes e elegantes do desenho que vão desde uma textura, passando pela luz e sombra, um layout de página dinâmico, etc e que aproveitei e/ou adaptei para a minha personalidade artística ou estilo. Nesse aspecto acho que tive muita sorte, pois não me ative a imitar um artista, mas a colher entre muitos os saberes que eles construíram durante sua jornada profissional. Acho que isso me ajudou a construir uma certa identidade pessoal. Não foi de caso pensado até onde me lembro, creio que tive sorte em fazer escolhas certas e assumir uma postura de não imitar. Obviamente que alguns artistas tinham um estilo que me atraía mais. Sou de uma época, final dos anos 70 e início dos 80, onde o que era publicado aqui tinha um certo atraso em relação aos títulos que vinham de fora. Mas acho que esse anacronismo me foi favorável. Acabei tendo contato com trabalhos de artistas que são referência até pela formação que tiveram. Por mais injusta que possam ser as “listas de favoritos” ou de “esses são minhas influências”, não posso deixar de render homenagem àqueles que sempre me acompanharam durante minhas horas de estudo nos desenhos e cujos trabalhos, posso dizer, foram uma base sobre a qual pude agregar outros conhecimentos. Lembro-me que a minha primeira grande impressão sobre o estilo de um desenhista em particular, daquelas que a gente pensa, “eu quero ser esse cara”, foram as histórias do Tonto (companheiro do Lone Ranger) desenhadas pelo Alberto Giolitti. Acho esse cara fantástico. As minúcias do seu trabalho, o zelo com cada detalhe, a preocupação com as referências e a representação fiel são até hoje impressionantes. A preocupação que ele tinha com as referências era tamanha que, na época em que desenhava o título Sargento Preston, pela Dell Comics, se não me engano, chegou a ir morar no Canadá para ter mais contato com os trenós que desenhava. Fiquei fascinado quando li esta história anos mais tarde. Também me causaram uma impressão formidável o Nick Holmes (RipKirky) do Alex Raymond e John Prentice,O Príncipe Valente do Hal Foster, o Fantasma do Sy Barry, o Conan do John Buscema, a arte final do Alfredo Alcala e Tony Dezuniga, o Jonah Hex e Esquadrão Atari do José Luis Garcia Lopez, o Tex do Giovanni Ticci quando da primeira fase do seu trabalho com o personagem (vale salientar que o Giovanni Ticci trabalhou no estúdio do Alberto Giolitti na década de 60), o trabalho do gênio Victor De La Fuente e por aí vai. Recentemente tenho estudado os trabalhos meticulosos do David Finch e o traço ágil do Greg Capullo. Acho o David Finch um prodígio. Ah, quase esqueço o Giorgio Cavazzano. Pecado mortal… Bom, como disse, toda lista é invariavelmente injusta, de antemão peço desculpas aos outros mestres que não citei, muito embora de um jeito ou de outro tenham me influenciado,mas eis a minha lista (eternamente incompleta) das pilhagens mais reiteradas.
3. Existe algum artista que você não gosta, mas que possui um virtuosismo – ou alternativa pra expressão de arte – que você utiliza como forma de aprendizagem?
Confesso que sempre que penso em não gostar de um artista me lembro o quão importante é a diversidade, não só na arte, mas na vida em geral, sem falar no quanto isso é arrogante e esnobe vindo de um artista. Tá certo que é impossível refrear o incômodo que certos trabalhos causam, mas tenho olhado as coisas de forma mais crítica e tentado entender as razões desses artistas. Todo mundo tem algo a ensinar e a aprender. Bom, posso dizer que não curti muito do que se fez nas HQs de super heróis na década de 90. Ia citar o Rob Liefeld, mas isso todo mundo já faz (Já citei, né?). Dessa época achava os traços de uma mesmice, poluídos e sem graça. Claro que tinha exceções. Penso o quanto desse clima concorreu para eu me afastar dos quadrinhos por um bom tempo. Quanto às alternativas que eu curto existem vários. Sou prolixo como desenhista, mas aprendi a gostar da simplicidade de certos profissionais. Eu tinha na minha cabeça, antes de me voltar aos estudos dos quadrinhos em 2005, que cada quadrinho em uma HQ deveria ser como uma pintura neoclássica: fotográfica, fiel à realidade física que representa, sem deformações anatômicas. Eu ainda tenho muito dessa coisa de querer preencher com desenho todo espaço que encontro. Tremenda besteira! Nos quadrinhos as coisas não funcionam assim. É muito bacana você ver um desenho bonito, bem trabalhado, cheio de minúcias, quem não gosta? Mas veja você caras como o Mike Mignola, Jordi Bernett, Hugo Pratt e o Ivo Milazzo. Quem teria a ousadia em dizer que o trabalho deles não é eficiente e belo? Uma prancha do Corto Maltese nem de longe parece uma pintura Neoclássica, mas veja só como o minimalismo do Hugo Pratt cumpre de forma competente sua função. Uma HQ dele é pura emoção e a nossa vista ainda respira nos vazios que ele deixa. Parece o desenho para uma aquarela. Não posso deixar a minha personalidade artística de lado, pois isso é algo anímico, mas com artistas como esses eu tenho procurado ser mais eficiente não só aprendendo aquilo que existe de mais fundamental e funcional na linguagem do desenho mas também nas regras da narrativa seqüencial gráfica.
4. Fred, você publicou histórias fora do Brasil – Argentina, Portugal e Itália – através de seu amigo e parceiro Wilson Vieira, entre. Fala um pouco de como foi essa experiência, seu contato com o Wilson, o retorno que teve de fora (se teve) por meio de artistas e leitores.
Olha, essa parceria com o Wilson foi fundamental. O Wilson me encontrou no meu fotolog, acho que no final de 2005 ou início de 2006. Somos ambos fanáticos por faroeste e ele viu uns estudos de mãos e armas que fiz e me escreveu perguntando se eu não queria desenhar umas histórias suas. Ele me mandou um roteiro(faroeste, é claro), eu adorei. Na ocasião eu não tinha a menor ideia de quem era o Wilson e da importância dele para os quadrinhos brasileiros. Ele morou e trabalhou com quadrinhos na Itália, desenhou vários episódios completos de Piccolo Ranger, La Furia del West, L´Uomo-Ragno (Homem Aranha), Tarzan, Diabolik, Davy Crockett, e dezenas de outros personagens. Creio que foi o primeiro brasileiro (me perdoem se estiver errado) a desenhar para a Bonelli Editore. Aqui no Brasil ele tem trabalhos em parceria com o Colonnese e Mozart Couto, só para citar dois, sem falar que traduziu alguns volumes do Ken Parker. Essa é uma breve credencial do cidadão. Aprendi muito com o Wilson. Ele é um cara de uma capacidade de trabalho fantástica, não só porque parece incansável, mas também pela qualidade e maturidade do que faz e pelo seu envolvimento com as HQs. Ele respira isso noite e dia (risos). Enquanto eu desenhava as histórias dele trocávamos muitos e-mails, discutíamos páginas, cenas, layouts, referências fotográficas que ele mandava aos montes, construção de personagem, ele me deu dicas preciosas que tenho comigo até hoje. Muito embora ele tenha toda essa bagagem, a sua postura sempre foi de extrema simplicidade e humildade. Nunca teve problema em acatar as minhas sugestões. Em 2008 estive em São Paulo e tive a oportunidade de visitá-lo com minha esposaem sua residência por duas ocasiões. Conversamos muito sobre quadrinhos, comi uma gostosa macarronada, conheci sua simpática esposa, além dele me mostrar seus projetos futuros (MUITOS!!). O Wilson é o tipo do roteirista que deveria ter uns 10 desenhistas trabalhando para ele. Ele tem muito material escrito. É extremamente profícuo. Em 2009, eu entrei para a faculdade e deixei o trabalho para viver de arte, meu tempo ficou meio aperreado, mas ainda quero desenhar coisas dele. O Wilson não só é um referêncial para mim como um bom amigo. Ainda trocamos alguns e-mails. Quanto ao retorno dessa parceria, fora o próprio trabalho que fizemos juntos, que já é uma grande paga, ele me ajudou a montar um portfólio bacana. Trabalhar com ele tem um forte peso. Isso deu mais credibilidade para mim e abriu portas. Estou me aprimorando todo dia, mas com esses trabalhos acho que alcancei mais maturidade. Graças à publicação na Itália consegui contatos interessantes. Fiz uma ilustração especial para o livro Guida Bonelli, Tutte Le Edizioni Straniere, do escritor e pesquisador italiano, Antonio Mondillo. Ele me escreveu e veio à Fortaleza, onde nos conhecemos. No seu livro, colocou umas notas biográficas minhas (na mesma página onde estão as dos artistas Dave Gibbons e Mike Mignola, por exemplo). Tive outras duas (ou três) ilustrações publicadas ali e essedesenho especial do Tex na Pedra Furada de Jericoacoara, que ilustrou o prefácio do livro. Com o Wilson tive uma HQ de faroeste publicada em Portugal na mesma edição que uma HQ do Tex desenhada pelo Giovanni Ticci. Era um especial de western e a segunda vez que o Tex saia numa publicação portuguesa. Foi uma edição muito celebrada e que foi lançada no 19ºFestival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, em Portugal (2008). Nessa publicação tem uma entrevista comigo que depois foi comentada em carta, assinada a próprio punho, pelo Sergio Bonelli para o Zeca do Blog do Tex. Imagina o que é ter seu nome citado pelo Sergio Bonelli? Nem o Stan Lee me traria tanta alegria (risos).São coisas que vão acontecendo como consequência de um trabalho honesto e justo. Em grande medida devo isso ao Wilson!
5. Ainda sobre mercado internacional, você desenhou um quadrinho inspirado na banda Iron Maiden, o qual usou como base o álbum "The Seventh Son of a Seventh Son", de 1988. Como foi fazer esse trabalho? Você preferiu fazer uma versão mais sua cara ou procurou artistas ligados à banda, como Derek Riggs (criador do personagem Eddie TH) ou Melvyn Grant? Você escutava as músicas enquanto produzia (risos)?
Começando pela última pergunta: sim, “escutei” o álbum umas duas ou três vezes e cheguei a fazê-lo enquanto desenhava de madrugada. Eu ficava vendo imagens, vídeos e músicas meio funestas para sentir medo e entrar no clima (risos). Confesso que esse gênero musical não é a minha praia, mas também não achei ruim. Até me surpreendeu porque eu pensava que fosse algo mais pesado e agressivo. Devo só lembrar que esse trabalho foi uma encomenda do Hamilton Tadeu, editor da NFL Comics. Ele foi o responsável pela adaptação e eu fiz só a concepção gráfica. A estética do Heavy Metal sempre me agradou, gosto desse visual sorumbático, meio apocalíptico, das histórias de terror, sempre quis fazer um trabalho em quadrinhos assim… sou fã do Bernie Wrightson!!! Fiz muita pesquisa de imagens e li as letras da banda. Desenhar essa HQ foi uma loucura porque o editor queria publicar quando da vinda da banda aqui, creio que foi em maio ou março do corrente ano e eu tive que desenhar umas quarenta páginas, incluindo capa dupla, em mais ou menos quarenta dias. Cheguei a fazer três páginas em um dia na reta final. Nos três últimos dias eu dormia umas três horas por noite. Não acho isso bom, pois compromete a qualidade do trabalho, pelo menos como eu gosto de desenhar, com cuidado, com todos os detalhes que julgo necessário. Não que o trabalho não tenha me agradado, só acho que não deu tempo de fazer tudo que eu queria. Mas devo reconhecer que para o prazo que tivemos demos o nosso melhor e não poderia ficar melhor do que estava nessas circunstâncias. A única coisa que usei do Derek Riggs foi a imagem do Eddie.
6. Saindo um pouco da seara dos quadrinhos, mas não fugindo das artes. Como estudioso de Artes Visuais, qual os artistas – pintores, escultores, ou mesmo um período artístico – que você mais admira?
Meu irmão, que enrascada. Tem muita coisa que eu gosto em arte. Acho fantástica a pintura rupestre da pré-história. Veja como os caras acharam soluções fantásticas de representação de animais. Não é só o desenho, a linha, mas a cor e o vigor da forma. Eles variavam o traço e a cor conforme a pujança do animal; os bisões tinham linhas fortes, enquanto cavalos e cervídeos traços leves e ágeis. Veja que percepção soberba. Eles já sabiam em pleno período paleolítico que um traço não é simplesmente um traço. O seu delinear cumpre uma função visual conferindo “movimento”. A gente faz isso até hoje nos quadrinhos! Gosto muito da escultura do período da Grécia clássica. Creio que a percepção, dentro da representação artística da anatomia humana, de que a oposição de membros tensos e relaxados, combinada a uma representação adequada do tronco conferindo mais dinamismo ao personagem, nasceu aí. Também curto muito a austeridade da arte bizantina, as iluminuras dos monges copistas, o resgate das tradições clássicas da renascença, a tensão do barroco, as pinturas de gênero da arte holandesa (adoro Vermeer), as representações marmóreas das pinturas do neoclássico, a explosão de sensações do romantismo, o vigor da pintura russa de fins do século XIX, a fase mais sombria do Van Gogh (Os Comedores de Batatas), as formas orgânicas do Art Nouveau, o senso de humor refinado do Norman Rockwell, chegando até aos artistas contemporâneos como Ron Mueck, Vik Muniz e por aí vai. Rapaz, tem muita coisa bacana na arte. Quase esqueci do Pedro Américo e Raimundo Cela, dois gênios! Se você parar e olhar vai ver que quem pensa que anda inventando a roda em termos de arte só não se deu ao trabalho de ler um pouco. Se você observar tem muitas coisas dos quadrinhos que foram influências das escolas artísticas tradicionais. Os corpos retratados por Michelangelo na Capela Sistina são heroicos, tem quadros do alemão Caspar Friedrich que poderiam perfeitamente ilustrar a capa de uma HQ do Alan Moore, só para citar dois casos. A arte é espetacular e nosso tempo vida não dá conta de tudo de bom que foi feito ou do que a gente deseja conhecer. Ars longa, vita brevis.
7. É incrivelmente importante pra alguém envolvido com arte saber "beber" em outras fontes, enriquecendo seu trabalho com visões de várias outras mídias e expressões. Nisso, há alguma obra fora dos quadrinhos – ou artista – a qual você sempre retorna para ter inspiração?
Você vai no nevrálgico, hein? Tem, sim. Cinema!!! Adoro cinema! Se você quiser ter uma visão legal da linguagem dos quadrinhos assista filmes. Tem um cara de quem sou super fã e que possui umas sacadas muito legais, o Sergio Leone. Tem dois filmes dele que acho espetaculares: Três Homens em Conflito (também conhecido como: O Bom, O Mal e O Feio) e Era Uma Vez no Oeste. Acho que são não só os dois maiores faroestes de todos os tempos, como podem ser encaixados entre os 100 melhores filmes de todos os tempos. O primeiro é mais ágil e muito divertido, o segundo é mais lento e de um tom mais épico, mas ambos tem obrigatoriamente que fazer parte de qualquer antologia do cinema que se preze. Os planos, ângulos de câmera, iluminação, figurino, cenário, etc, são uma verdadeira aula de cinema e muito inspiradores. Obviamente que aqui tem um fator que não conta diretamente para os quadrinhos, mas que tornaram esses filmes antológicos, que são uma trilha sonora memorável. Ennio Morricone foi um gênio da música do gênero. Adoro ouvir as trilhas sonoras dele. Curto muito também o cinema expressionista alemão. Nosferatu é de longe o melhor filme de vampiro já feito. As cenas onde o Murnau usa a sombra do Max Schreck como recurso dramático (em 1922!) são memoráveis. Tem também o cenário desconcertante do Gabinete do Dr. Caligari, também muito bom (A Noiva Cadáver e O Estranho Mundo de Jack que o digam). Gosto dos filmes de terror produzidos pela Universal, Frankenstein e a Múmia com o Boris Karloff, o Drácula do Bela Lugosi (meio ridículo, mas tem seu charme) o Lobisomem com o Lon Chaney Jr e por aí vai. Tenho visto muita coisa bacana nos Games. Achei o Red Dead Redemption bem interessante. Pegaram o faroeste e deram um roupagem interessante para a garotada atual. Gosto do God of War também. Nunca joguei, me refiro ao visual.
8. Hoje as modernas tecnologias sugerem novas e interessantes formas de leitura, produção e divulgação de quadrinhos. Você, como artista tradicional e colecionador de quadrinhos – Fred possui uma coleção enorme de TEX –, acha que essas novas mídias vieram para facilitar uma sociabilização da cultura de quadrinhos ou elas distanciam o leitor "comum" da arte sequencial?
Eu acredito que tudo o que o homem faz de boa fé é bem vindo. Se a coisa desanda é pelo mau uso e não pela coisa em si. Acho que a internet, o uso de tablets para leitura, mesas digitalizadores para desenho e colorização, a feitura de HQs eletrônicas, ou “HQtrônicas”, como chamam alguns, por exemplo, são desdobramentos naturais e fantásticos das inovações tecnológicas e importantíssimas não só para a divulgação e produção de HQs como para atender a demanda dos novos públicos intimamente ligados à tecnologia digital. Não tem como parar isso e mesmo que tivesse não deveriam. Não dá para parar a tecnologia, seria uma atitude ilógica e reacionária. Se tivéssemos essa pretensão, não usaríamos canetas, picos de pena, pincel ou lapiseira, nem imprimiríamos em papel porque estes materiais também são frutos da tecnologia. Gosto de desenhar em papel e usar nanquim, mas sempre trato digitalmente o meu material. Isso é um aprimoramento. A HQtrônica, esse negócio entre a HQ, a animação e o game, pela sua interatividade em alguns casos, talvez seja mais um gênero híbrido de mídias afins e é consequência da curiosidade, inovação e inquietação, diga-se de passagem, bem vindas do ser humano. Acho que a internet sociabiliza a leitura de HQs e até estimula a compra de material impresso. Leio material online, não muito, pois a taxa de leitura no monitor é mais baixa que no papel, além de cansar, mesmo num tablet, além do que nada substitui o manusear sensual de uma página impressa e o cheiro de papel novo, mas tem muita gente que passa a colecionar HQs impressas porque gostou do personagem na mídia digital. Não fosse a internet eu não teria acesso às clássicos do Alberto Giolitti da época em que ele desenhava para o mercado americano, como a Dell Comics e Golden Key (Western Publishing). Eu achei pérolas dele como duas adaptações de clássicos, um da literatura, Lord Jim de Joseph Conrad e outra do filme King Kong de 1933. De que outra forma eu teria acesso a este material da década de 60 se não fosse a boa vontade do colecionador que o disponibilizou na net? Sou uma prova viva da sociabilização das HQs na internet. Quem curte quadrinhos, curte animação, cinema e outras mídias afins que surgem como hibridismos daquelas.Acho que as novas mídias são mais uma possibilidade dentro de um leque cada vez maior para a escolha do freguês. Bom, quanto a minha coleção do Tex infelizmente perdi muita coisa para as traças, fungos e outros inimigos do papel. Espero que tenham tido muita dor de barriga.Hoje em dia só compro material que posso usar como referência para o desenho ou se a história for muito boa. Não coleciono mais só por fidelidade ao personagem.
9. Há algum quadrinho/trabalho/personagem que você sonha em ser convidado a fazer?
Sim. Vários! Eu não sou muito fã de quadrinhos de super-herói, já li muito, mas adoraria desenhar esses personagens do segundo escalão: Luke Cage, Punho de Ferro, Shang Chi (adoro o Mestre do Kung Fu – bons tempos do Paul Gulacy e Mike Zeck), Justiceiro, etc. Gostaria muito de desenhar algo assim. Gosto do “mundanismo” de suas histórias. Também tenho um sonho de consumo: o Jonah Hex. Bom, já que estamos sonhando alto, quem sabe um arco do Tex.
10. Uma pergunta pra fechar de vez: o que você tem lido/assistido/ouvido atualmente em termos de quadrinhos, filmes, séries, músicas?
Vamos lá: estou com grande defasagem na leitura de novos quadrinhos, o que tenho feito no máximo é ver o que os artistas têm desenhado. Fico sempre buscando material novo para estudar, particularmente do David Finch e Greg Capullo. Gosto também da arte sarcástica do Skottie Young e do Humberto Ramos. Leitura nova que é bom nada. Isso não é bom para alguém que dá aula de quadrinhos. Pode ser uma enrascada. Tenho lido mais os quadrinhos antigos: Conan, Preacher, Asilo Arkham, Calvin e Haroldo, li umas coisas antigas na net do Bernnie Wrightson, Nestor Redondo e Al Williamson. Na verdade do Al Williamson tenho muita coisa da minha coleção do Hulk da década de 80. Desenhos de Star Wars. Quanto aos filmes estou tirando o atraso agora, vou ver o Lanterna Verde e o Capitão América, se o filhote deixar. Mas sempre assisto material que tenho em casa, adoro rever certos filmes: Conan, o bárbaro, Blade Runner, Alien, o oitavo passageiro, O Planeta dos Macacos (1968), Os Sete Samurais, Yojimbo (gosto do Kurosawa), O Sétimo Selo, Shaolin Contra os Doze Homens de Aço (adoro cinema de kung fu principalmente das décadas de 70 e 80 produzidos pela Shaw Brothers e Golden Harvest, esses filmes “B” bem toscos! Adoro a sonoplastia dos golpes! risos), etc. Ah, ia esquecendo, assisti duas comédias espetaculares – revi, na verdade – A Dança do Vampiros, do Roman Polanski que é muito engraçado e que dá muito medo apesar de ser uma comédia (gosto de assistir de madrugada e sozinho). Esse filme tem um segundo título em inglês que acho muito interessante, o primeiro é The Fearless Vampire Killers (a tradução para o português é sempre estranha, né?) e o segundo é Pardon me, but your teeth are in my neck, que é um título já carregado de sarcásmo. Quem não conhece deveria ver. O outro é A Incrível Armada de Brancaleone, uma sátira às histórias de cavalaria e ao Dom Quixote. Quanto às séries, estou acompanhado como fã fiel The Walking Dead. Gosto muito. Também curto Futurama, os Simpsons, Bones e tenho visto The Big Bang Theory porque os colegas da faculdade falaram muito e fiquei curioso. Minha esposa fica indignada quando assisto The Big Bang Theory. Coisa pra nerd, mesmo! Quanto a música curto tudo o que NÂO seja forró, axé, sertanejo, pagode, funk e certas músicas religiosas. Gosto de bossa nova, jazz, alguns clássicos (Corelli, Vivaldi, Canto Gregoriano, etc), rock e me divirto as vezes ouvindo brega.
10. Pra finalizar, em que você tem trabalhado atualmente? Podemos esperar por novos quadrinhos de Fred Macedo vindo aí?
Sim, estou trabalhando em duas HQs novas. Já tenho umahistória pronta há mais de um ano, que desenhei a bem mais tempo que o Iron Maiden, mas que ainda não foi publicada. Estou desenhando a continuação dessa história e outro trabalho em colaboração com outros artistas.A coisa tem andado lenta por conta de outras contingências, mas breve espero terminar esse material. Fora isso, tenho feito algumas ilustrações, capas de livros, colaboração para a Revista Universidade Pública, dando aulas de desenho e quadrinhos e por aí vai.
Abraços a todos!
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