O Humor como Melhor Remédio

outubro 23, 2019


Quando da primeira vez que tive de criar uma piada para o Capitão Rapadura – em uma tirinha com os desenhos do impressionante Cristiano Lopes – lembro de ficar em pânico por não saber ao certo como me utilizar do humor.

Eu, sempre fã de histórias de aventura e ação, em que o humor heroico da personagem protagonista estava dentro de um contexto que havia sido construído em páginas/cenas posteriores ou era um desdém à figura vilânica antagônica, me vi incerto sobre como inserir tudo isso (ou não) nos até três quadros de tiras.

Como não poderia deixar de ser, corri à pesquisa dos “mestres” do humor: Charles Chaplin, Chico Anysio, Chuck Jones, Laerte… e pude ver que o humor tinha mais faces e formas de leitura que eu sequer imaginava, bem como, ao mesmo tempo que ele era poderoso e transformador, também podia ser cruel e opressor e ambas as manifestações eram discretas e poderosas.

Ainda seguindo em minhas pesquisas, encontrei uma frase do ácido e irônico Barão de Itararé acerca do senso de humor “… é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse a você”. Lida com descuidado, a sentença dá suporte ao humorista da injustiça: aquele que ao ver a situação difícil e desesperadora do outro cria uma “piada” que faz pouco caso, moldando um riso fácil e tirano àqueles que vivem em privilégios sobre a ridicularização dos desfavorecidos. Algo que, com certeza, não cabia ao bom Capitão, combatente contra preconceitos e herói do povo.

Temi que, de alguma forma, eu pudesse – consciente ou não – me utilizar desse artifício e procurei por um outro tipo de humor, mais acolhedor e/ou inteligente, e que fizesse as pessoas pensarem. Nesse instante conheci um outro tipo de humorista, o engajado, aquele que usa o riso para denunciar situações de injustiça e opressão – como o próprio Rapadura fez em seu começo de carreira e quando Henfil dava vida a Graúna. Aqui, um humorista inquieto de pensamento rápido e frases precisas – talvez um objetivo a alcançar e que servia com maestria ao Rapadura, mas que à época ainda distante da minha qualidade de escritor.

Então, de forma leve e despretensiosa, reconheci um outro tipo de humorista, aquele que senta à mesa com você, retirando do dia a dia a piada que alivia a rotina, mostrando que as coisas pequenas não devem se tornar torturantes pedras que vão pesando ao coração, mas devem ser fragmentadas com uma simplicidade tão pueril quanto infantil.

Vesti então o chapéu do humorista do cotidiano, cujo maior objetivo, acredito, é lembrar a criança que vive em cada um de nós e, com isso, reiterar o significado (forte e cômico) daquilo que chamamos de presente.

Texto de Luís Carlos Sousa.

Publicado por Daniel Brandão

O Estúdio Daniel Brandão produz quadrinhos, ilustrações, criações de personagens e mascotes. Aqui também são oferecidos cursos de Desenho, HQ, Desenho Avançado e Mangá, além de aulas particulares.

Inscreva-se para receber atualizações no seu e-mail

Estúdio Daniel Brandão

Av. Santos Dumont, 3131A, sala 817, Torre Comercial do Del Paseo, Aldeota.
Fortaleza – CE . CEP: 60150 - 162
Fixo: (85) 3264.0051 | Celular (WhatsApp): (85) 99277.9244
estudiodanielbrandao@gmail.com

Estúdio Daniel Brandão • todos os direitos reservados © 2024 • powered by WordPress • Desenvolvido por Iunique Studio