Eu sempre fiz muito o perfil “louca da papelaria” e, no fundo, acho que sempre quis desenvolver uma linha de produtos desse tipo. Me faltava organização pra separar esse projeto pessoal das minhas obrigações de trabalho, além da técnica/conhecimento pra algumas coisas bem específicas, como fazer a linha de corte dos adesivos, por exemplo. Só que chega uma hora que você precisa colocar essas ideias todas pra fora, seja pela questão financeira, seja pelo cansaço de tanto ficar postergando as coisas; no meu caso, foi um pouco de cada! hehehe.
Quase sempre acontece assim: eu tenho uma ideia, faço uma pesquisa rápida de fornecedores pra saber se é viável; se for, já passo tudo que tiver pensando pro papel, sem filtros; faço mil experimentos de layout, cores e composição até encontrar o que eu olhe e diga: É ESTE. Daí começa a parte “valendo”, que é sair dos rascunhos pras artes finais, onde eu geralmente misturo tradicional com digital – todos os desenhos são feitos tradicionalmente, e levo pro computador pra poder inserir nos produtos. Quando tô com a parte gráfica resolvida, gosto de mostrar pro pessoal no instagram opinar – afinal, eles são o meu maior público consumidor, e acho que isso gera um sentimento de participação de alguma forma.
Depois que as artes tão encaminhadas pras gráficas, eu vou fazer a parte que considero mais chata (pois: humanas), que são os cálculos de valor final. Geralmente faço assim: calculo o valor de custo de cada produto, e depois acesso a minha planilha de comparação de valores (na qual guardo os preços dos produtos das lojinhas “””concorrentes“”” – com muitas aspas, mesmo) pra saber quanto devo definir de valor final. A planilha ajuda muito a não cobrar nem muito acima, nem muito abaixo dos valores estabelecidos pelos outros ilustradores, assim a gente mantém esse mercado estável na medida do possível. Saber o valor de custo é legal pra você calcular o lucro, no final das vendas, e também pra saber o quanto você pode oferecer de desconto (principalmente em feirinhas) mantendo sua dignidade, sem ficar no prejuízo.
A parte de logística precisa de uma agenda rígida – como eu administro todos os processos sozinha, tenho que prestar atenção pra não passar o dia inteiro cuidando só das coisas da lojinha. Então, eu separo dois turnos na semana pra cuidar das embalagens, e dois dias na semana pra levar tudo pros Correios – são os dias que eu tenho outros compromissos fora de casa, e aproveito o caminho pra postar as encomendas. Quando tem produto novo, eu gosto de fotografar, editar, catalogar e precificar tudo no final de semana, pra já começar a segunda-feira anunciando as novidades! 🙂
A sensação de ter a sua ideia materializada ali, nas suas mãos, é uma das mais gostosas que já experimentei nesse mundo de ilustração. O sentimento é de que SIM, EU CONSIGO tirar meus planos do papel! E depois ver quando os pacotinhos chegam nas casas das pessoas, vê-las enquadrando, usando, pregando na parede, ver que aquilo agora tá fazendo parte do dia delas e as deixando felizes de alguma forma… É maravilhoso, é quando eu sinto que aquela ideia cumpriu sua missão. ♥
– Texto de Juliana Rabelo
13 de maio x avenida da universidade ♥ pic.twitter.com/SM0KGVoy8N
— Juliana Rabelo (@julianarabelo_) 14 de fevereiro de 2019