Uma das maiores certezas do ser humano é a mudança. Indo muito além dos aspectos físicos, passamos por mudanças por toda nossa vida: endereço, trabalho, amigos e mesmo familiares. Pessoas e situações vêm e vão, aproximando-se e distanciando-se de nossas rotinas, influenciando nosso pensar, agir e perceber. A própria evolução humana, em seu caráter biológico e social, é baseada em adaptar-se às mudanças ocorridas em nossa espécie e em nosso planeta – este, por sua vez, uma enorme “nave” em constante adaptação no oceano do universo.
No entanto, quando passam nossos dias e nos encontramos em situações confortáveis, agradáveis e seguras, a mudança nos surge como algo inesperado: um risco incerto que ameaça o status quo de nosso momento – com isso, surge o receio e a dúvida. Recebemos a mudança com desgosto, desagrado ou mesmo fúria e impaciência. Mudar nos assusta. Como lidar com isso, então?
É importante perceber que mudar nada mais é que movimentar-se: sair do lugar que estamos e ir para outro. O planeta está em constante movimento e se não nos alinharmos a isso, o movimento deste nos assalta, nos surpreende. Assim, é importante encontrar os próprios passos de mudança – “descobrir sua órbita” é uma forma de aceitar a mudança como algo não somente necessário, mas benéfico, que nos motiva a descobrir/despertar/reconhecer o tempo/lugar/pessoas em que estamos ou nos tornamos.
Como artistas, mudança e adaptação são constantes. O tempo todo o artista está revendo suas ideias, repensando sua própria existência para praticar uma arte nova, para “caminhar” em sua produção. O artista inconstante procura novas ferramentas, testa novas técnicas, redescobre habilidades, experimenta e prova. O artista planejador prevê os passos, estuda as possibilidades, avalia o mercado, traça planos e adapta a si próprio ou mesmo o ambiente a seu redor para tornar seu processo de mudança seguro e agradável. Isso sem falar na mudança de estilo, traço, identidade que ocorre na arte quando os artistas avançam em suas idades e aprendizados.
Mudar é intrínseco ao que somos. Faz parte de nós enquanto seres vivos. É impossível controlar ou parar isso, mas é sempre há a possibilidade de embarcar nessa jornada com o prazer de um eterno estudante, entendendo cada mudança como um processo de aprendizado e equilibrando a si próprio e ao mundo.