O texto de hoje é inspirado/retirado da palestra da jornalista e escritora Emily Esfahani Smith para o TED: There’s more to life than being happy (Há mais na vida do que ser feliz – em tradução livre), cujo vídeo foi replicado depois do texto. Existe, hoje em dia, uma certa pressa entre jovens (e mesmo experientes) artistas em transformar sua arte em trabalho e, por sua vez, em dinheiro. Não é algo condenável e o segundo costuma ser (também) um indicador de sucesso e reconhecimento, além de trazer segurança e conforto para se continuar produzindo. Mas acreditamos que isso é uma consequência, não um fim. Fazer arte tem muito a ver com pertencer a um lugar, um grupo, uma comunidade. Quando se produz e se expõe arte, esta nos aproxima de pessoas que se identificam com ela e que costumam ter uma linguagem e pensamentos bem semelhantes, dando segurança de não se estar sozinho no mundo. Criar arte também é muito relacionado a se ter um propósito: produz-se porque sentimentos devem ser expressos, informações devem ser passadas, porque aquelas horas da madrugada em que se está concentrado pintando, desenhando, escrevendo deixam a vida mais plena, mais real – tanto que quando se acaba uma peça de arte, o coração já se movimenta para a próxima. Outro sentimento que a produção de arte conjuga é de se sentir parte de algo maior, de que aquilo que se faz poderá alcançar, tocar e mover outros, porque a língua da arte pode tanto íntima e única, mas também universal. Muitos autores falam dessa sensação de transcendência ao se produzir: JM Dematteis, roteirista de quadrinhos americano, certa vez disse “a única coisa que me mantém fazendo [arte] é a certeza de que faço algo maior que eu mesmo” (texto adaptado) – outros percebem essa sensação depois de publicados e verem o quanto suas obras marcam e mobilizam outros. Por fim, criar envolve contar uma importante história: a do próprio artista. É uma forma de descobrir uma verdade sincera sobre si mesmo, numa linguagem e símbolos com os quais se sente à vontade, muitas vezes num processo de autodescoberta e aceitação constantes, já que uma obra sempre leva à outra e à seguinte e cada uma delas dizem algo, revelam algo, demonstram algo. E você, artista, já produziu hoje? A jornalista e escritora Emily Esfahani Smith depõe no TED Talks sobre seus estudos acerca da vida e do que acreditamos ser felicidade. Sua curta palestra inspirou a newsletter dessa semana, na qual adaptamos sua fala para o que dá sentido à nossa vida: arte. Dê o play e confira. *Atenção: vídeo em inglês, mas ative as legendas em português no botão “Legendas”! |