História: Vanessa Barbara
Desenhos: Fido Nesti
Editora Quadrinhos na Cia.
Rude Goldberg foi um inventor que criava máquinas que tornavam complexas as ações mais simples. Como fechar uma porta, por exemplo. Ao invés de simplesmente empurrá-la, Goldberg poderia criar uma engenhoca que era acionada através de uma corda que derruba um balde que espalha bolinhas que acional roldanas que acendem um fogo que queimam um barbante que derruba uma tábua que por fim fecha a porta. De certa forma, metaforicamente, o ser humano tem a tendência de complicar o simples.
Pois esse princípio da Máquina de Goldberg rege este álbum nacional da Quadrinhos na Cia. Vanessa Barbara e Fido Nesti narram uma passagem da vida do garoto gordinho punk asmático Getúlio, que sofre uma série de bullings em um acampamento de férias da escola em uma montanha. Lá ele conhece um velho estranho e solitário chamado Leopoldo, que é obcecado pelas invenções de Rude Goldberg. A partir daí, segredos são revelados e uma ambiciosa vingança é arquitetada.
O texto da Vanessa é ágil, simples e competente. Isso facilita bastante a fluidez da narrativa do desenhista Fido, dono de um traço de estilo forte e limpo. O tom monocromático verde musgo ajuda na arte e amplia a elegância estética do livro. Talvez a trama de 111 páginas seja até simples demais, previsível e com alguns clichês de filme adolescente da sessão da tarde. Porém a história consegue prender e divertir mesmo assim.
Definitivamente a Máquina de Goldberg não é uma obra prima, daquelas inesquecíveis, para figurar na estante dos seus livros inesquecíveis. Mas vale a leitura, os momentos de diversão e de apreciação de uma bela arte.