A Janaína Olívia da Silva Cechet, professora de Língua Portuguesa da EE “Cônego Manuel Alves” (Limeira/SP), mandou uma série de perguntas sobre a produção e carreira do Daniel Brandão. A entrevista faz parte do Projeto de Leitura e Produção de Histórias em Quadrinhos, com alunos do 6° ano do Ensino Fundamental, os quais elaboraram a entrevista a partir de sugestão de pesquisa que fizeram em aula. O projeto nasceu após a participação da Janaína no Curso de Quadrinhos em Sala de Aula, oferecido pela Fundação Demócrito Rocha (que recentemente reabriu seu primeiro curso: o de Histórias em Quadrinhos! Confira clicando AQUI).
Leia a entrevista feita pelos alunos logo a seguir!
1. Quando você se apaixonou pelas HQs?
Eu me apaixonei por quadrinhos muito cedo. Lembro que com uns 5, 6 anos já tinha quadrinhos da Turma da Mônica, Pelezinho e Os Trapalhões na minha casa. Gostava de ler aqueles gibis e de rabiscar. Mas acredito que a paixão passou a ficar mais séria aos 9 anos, quando fui apresentado à revista Superaventuras Marvel. Eu me encantei com aqueles personagens e pelos desenhos. Logo quis ler tudo de heróis e comecei a copiar aqueles desenhos fantásticos.
2. Quando você era pequeno já sabiam desenhar?
Toda criança sabe desenhar. Eu não era diferente de nenhuma outra criança. O desenho faz parte da nossa infância. O problema é que muitas crianças e adolescentes interrompem o processo e se tornam “adultos que não desenham”. Eu não interrompi o meu.
3. Você sempre quis ser um quadrinista desde pequeno?
Não. Nem sabia que quadrinista era uma profissão possível até os meus 19 anos. Na infância e adolescência fazia quadrinhos por pura diversão. Tanto é que o meu primeiro vestibular foi para Direito. Mas quando conheci a Oficina de Quadrinhos da UFC, descobri a real possibilidade de trabalhar com quadrinhos e meu mundo mudou completamente.
4. Quais são as suas inspirações na hora de desenhar?
Acima de tudo, a vida. Gosto de desenhar o que vejo, sinto e admiro. Sou muito sensível e atento aos detalhes e tento colocar essas minhas impressões no papel. Também sou influenciado por quadrinhos, artistas, filmes, séries, músicas etc. Tudo que vivencio me influencia.
5. Quem (ou o que) te inspirou a ser quadrinista?
Muita gente me inspirou, influenciou e ajudou para que eu fosse quadrinista. Começando pelo meu amigo Evandro que me apresentou a Superaventuras Marvel. Era com ele que eu desenhava minhas primeiras páginas com 9, 10 anos de idade. Depois, o professor Geraldo Jesuíno, criador da Oficina de Quadrinhos da UFC. Os artistas locais Mino e Al Rio também me ajudaram muito. Além de meus colegas de profissão JJ Marreiro e Geraldo Borges.
6. Qual é a sensação ao desenhar?
Quando desenho, fico bem. É como uma meditação para mim. Sinto que estou fazendo o que melhor sei fazer. me sinto afetado pelo desenho e sinto que posso sensibilizar alguém com aqueles traços. É algo extraordinário.
7. Com quantos anos você começou a escrever HQ? Qual foi sua primeira HQ?
Comecei com 9 anos. A minha primeira HQ foi de um personagem que criei nesta época chamado Pantherman. Acho muito engraçado quando lembro dele hoje em dia. Foi divertido.
8. Como você lançou sua carreira?
Comecei a minha carreira desenhando o Capitão Rapadura para o Mino, criador do personagem. Na mesma época, criei a Graph It Studios, com JJ Marreiro e Geraldo Borges e lançamos a revista independente Manicomics. Tudo começou daí.
9. Qual foi a história em quadrinhos mais difícil para você fazer?
Eita! Pergunta difícil. Para mim, fazer quadrinhos não é nada fácil. Requer muito trabalho e energia da minha parte. Mas acho que as mais difíceis foram aquelas que não consegui terminar. Estas são um peso pra mim até hoje…
10. Qual HQ você mais gostou?
A história em quadrinhos que fiz e que mais gostei sem sombra de dúvida é a Liz. Ela é uma personagem baseada na minha filha. Já lancei uma revista e seis livros com ela e atualmente faço tiras diárias para o jornal O Povo chamada Os Mundos de Liz.
11. Qual HQ você mais teve trabalho para escrever?
As HQs encomendadas por clientes dão bem mais trabalho para escrever que as autorais. Porque os clientes pedem temas que exigem mais pesquisas da minha parte. Confesso que não lembro qual foi a mais difícil.
12. Qual foi a sua HQ mais famosa? Por Quê?
Também não sei responder. Eu publiquei na revista Azrael, da DC Comics, participei de um livro da Maurício de Sousa Produções… Mas talvez eu seja mais conhecido hoje em dia por ser o autor de Liz.
13. O que você cria primeiro, o roteiro ou o desenho do personagem?
O roteiro. A história é a etapa mais importante. Nos quadrinhos, tudo está a serviço da história.
14. Como você pensa que as suas histórias podem influenciar a vida dos seus leitores, principalmente na nossa idade?
Nossa, sinto uma responsabilidade grande quanto a isso. Eu espero que minhas histórias inspirem pessoas. Que as façam pensar, que as divirtam e que as ajude a querer ser uma pessoa melhor e mais generosa todos os dias. Sei que soa pretensioso, mas este é meu sonho. Se meus quadrinhos fizerem por alguém pelo menos um pouquinho do que os quadrinhos fizeram por mim, já estarei muito feliz.
15. Qual conselho você deixa para quem quer iniciar a leitura e a escrita de histórias em quadrinhos?
Acho que o que vou falar é simples e óbvio. Mas o que posso dizer é: estude, goste de estudar, de aprender sobre tudo; viva intensamente e esteja atento a tudo; goste de ler muito e pratique a escrita com frequência. O quadrinista é antes de tudo um contador de histórias e os melhores contadores de histórias são os melhores ouvintes, as pessoas que mais têm interesse em aprender coisas novas todos os dias.